Ratos machos usam fêmeas para distrair agressores e evitar brigas, mostra estudo

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Observando o comportamento de ratos, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Delaware, nos EUA, fez uma invenção surpreendente: quando ameaçados por uma situação de conflito, camundongos mais fracos exploram fêmeas próximas para desviar a atenção do assaltante.

De convénio com o estudo, publicado recentemente na revista PLOS Biology, a atitude foi flagrada por abordagens computacionais e de aprendizagem de máquina que analisavam interações comportamentais complexas  em grupos mistos  de camundongos Mus musculus.

As relações sociais foram observadas em uma grande redondel quadrada com 76,2 cm de lado e 61 cm de profundeza. Nesse sítio, registraram-se mais de três milénio episódios de brigas ou lutas reais entre os ratos, envolvendo contato corporal e condutas agressivas.

Ratos: uma fuga sorrateira

O viril submisso bate em retirada, enquanto o assaltante interage com a fêmea • Nennieinszweidrei/Pixabay

Os pesquisadores observaram o convívio entre quartetos de camundongos, dois machos e duas fêmeas, por mais de cinco horas. Utilizando um algoritmo de aprendizagem de máquina, eles analisaram as respostas mais prováveis à agressão e determinaram se essas reações resolveram ou pioraram o conflito.

Logo, uma sequência comportamental peculiar lhes chamou a atenção. Em seguida encontros agressivos, nos quais um viril sempre foi claramente mais ofensivo com o outro, o mais submisso na jerarquia social frequentemente interagia de forma breve com uma fêmea pouco antes de o assaltante se envolver com ela.

Nesse momento, perceberam os observadores, a fêmea se transformou em um poderoso distrator, e também uma prioridade sobre o viril perseguido que discretamente se afastava em segurança, para evitar uma verosímil surra. Essa pode ser uma tática evasiva conhecida uma vez que “isca e troca”, diz o estudo.

“Pense em uma ocasião em que você foi confrontado por um valentão ou se viu em outra situação desafiadora: você confrontou o problema diretamente ou procurou maneiras de evadir dele”, compara o líder da pesquisa, Joshua Neunuebel, da Universidade de Delaware, em entrevista à New Scientist.

Comportamento de “isca e troca”

A tática de “isca e troca” é útil para fugir de conflitos potencialmente perigosos • Nick Fewngs/Unsplash

O comportamento de isca e troca (bait-and-switch em inglês) é uma estratégia geralmente usada por alguns animais que pretendem desviar a atenção de um predador ou rival. Enquanto isso, outro bicho, geralmente mais vulnerável, pode evadir ou conseguir um abrigo.

No contexto do estudo atual, a fêmea próxima acaba se tornando, mesmo sem saber, a isca. Em seguida atrair o assaltante para perto dela, o rato mais fraco aguarda a troca de foco, ou seja, o momento em que o assaltante substitui a agressão por um interesse mais romântico.

Outras táticas também foram observadas durante o estudo observacional comportamental e, embora evitassem momentaneamente a agressão, acabavam descambando para brigas ferozes. No caso da isca e troca, a tática se mostrou eficiente, e as brigas raramente ocorreram, afirmam os cientistas.

No entanto, apesar de efetiva para acalmar conflitos, a isca e troca impõe alguns sacrifícios para a vítima, uma vez que a redução de chances de convívio com fêmeas. Pesquisas futuras poderão confirmar se a estratégia é também eficiente em grupos maiores de camundongos.

FONTE:CNN

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