O mês de dezembro chega ao seu décimo dia e faltam exclusivamente quinze dias para o Natal, mas o clima em zero lembra o que se costuma testar no final do ano, quando os dias tendem a ser quentes e muitos de poderoso a intenso calor com a chegada do verão meteorológico, o trimestre de dezembro a fevereiro.
Dezembro atípico tem dias com temperaturas baixas de inverno ao amanhecer em algumas cidades, ciclones intensos fora de quadra, ondas de tempestades e excesso de chuva no Sul do Brasil e países vizinhos | EITAN ABRAMOVICH/AFP/METSUL METEOROLOGIA
Ao contrário, os primeiros dez dias de dezembro trouxeram um padrão meteorológico que muito mais recorda os meses do inverno com jornadas de baixa temperatura, duas ondas de tempestades, volumes de chuva de até 300 mm no Sul do Brasil e ainda um tufão petardo que se formou a partir de uma baixa pressão que se aprofundou entre o Uruguai e o Rio Grande do Sul.
O tufão petardo do prelúdios deste mês talvez seja o exemplo mais marcante de uma vez que nascente dezembro até agora foge ao habitual no clima. Ciclones extratropicais se formam em qualquer quadra do ano no Atlântico Sul, mas é altamente incomum que haja uma ciclogênese explosiva em latitudes médias, uma vez que se viu, em pleno dezembro.
Formação de tufão petardo em latitudes médias já não é frequente no inverno e muito menos no termo do ano. Até porque um dos fatores para a formação deste ciclones mais intensos são massas de ar insensível de maior potência, o que, por óbvio, não é a regra no mês de dezembro.
Justamente o progressão de massas de ar insensível numa quadra do ano em que já predomina o calor favoreceu duas vaga de tempestades em exclusivamente cinco dias, sendo que a primeira trouxe vento supra de 100 km/h em diversas localidades com milhões de pessoas sem luz no Rio Grande do Sul.
E, se não bastasse, houve ainda muita chuva no Sul do Brasil com acumulados de precipitação somente nos primeiros dez dias do mês em alguns pontos do Paraná de 300 mm a 350 mm, em Santa Catarina de 150 mm a 250 mm em diversos municípios, e no Rio Grande do Sul supra de 100 mm com marcas isoladas de 150 mm a 200 mm em diferentes pontos da Metade Setentrião.
Com a atuação das massas de ar insensível, houve madrugadas frias no Rio Grande do Sul com marcas de até 5ºC no Sul do estado e tardes de temperatura baixa. No domingo, várias cidades da Serra Gaúcha registraram temperatura de exclusivamente 12ºC a 13ºC, o que é mais geral de se ver nos meses frios do ano.
Em Campo Bom, cidade da região metropolitana de Porto Jubiloso, conhecidas pelo poderoso calor nos meses de verão, dezembro até agora é por demais atípico. De conformidade com o geógrafo Nilson Wolff, observados meteorológico da cidade, dezembro até agora tem a menor temperatura média na localidade do Vale do Sinos desde 1990, ou seja, em 35 anos.
Mas o que explica o dezembro com tantos fenômenos e condições do tempo que são maios comuns de serem observadas nos meses frios do inverno do que no final do ano? Obviamente, não há um fator exclusivamente que explique.
No Oceano Pacífico, o sinal é misto neste momento. O Pacífico Equatorial Núcleo-Leste mesmo sem La Niña, apresenta neutralidade fria. Ou seja, uma quesito que favorece incursões tardias de ar insensível. Por outro lado, as águas oceânicas na costa do Peru durante as últimas semanas aqueceram com anomalias positivas de temperatura superficial, o que favorece mais chuva no Sul do Brasil.
NOAA
O fator principal, em nossa estudo de clima, entretanto, está muito ao Sul e na região antártica. A chamada Oscilação Antártica ou Modo Anular Sul apresenta desde o prelúdios do mês valores negativos a muito negativos, quesito que historicamente proporciona mais ingresso de ar insensível e aumento da chuva no Sul do Brasil, além do aumento de ciclones em latitudes médias.
NOAA
A chamada Oscilação Antártica (AAO) ou Protótipo Anular Sul ou Meridional é uma das mais importantes variáveis que impacta as condições do clima no Brasil e no Hemisfério Sul, tanto na chuva uma vez que na temperatura.
Do que se trata? Trata-se de um índice de versatilidade relacionado ao cinturão de vento e de baixas pressões ao volta da Antártida. Leste cinturão se expande ou se contrai, conforme a período da oscilação polar.
A Oscilação Antártica, nesse sentido, tem duas fases. A positiva e a negativa. Na positiva, o cinturão de vento ao volta da Antártida se intensifica e se contrai em torno do Polo Sul. Já na período negativa, o cinturão de vento enfraquece e se desloca para Setentrião, no sentido do Equador, obviamente sem atingir a fita equatorial.
ARTE DE LEANDRO MACIEL/METSUL
Com a maior ondulação da fluente de jato na período negativa, crescem as chances de episódios de chuva mais volumosa e ciclones. Estudos mostram que na período negativa há uma maior propensão para chuva no Sul e Sudeste do Brasil.
Independente da quesito do Pacífico (El Niño, neutralidade e La Niña), períodos de AAO- (valores negativos da Oscilação Antártica) têm potencial de incrementar a precipitação no Sudeste da América do Sul com maior frequência de ingresso de massas de ar insensível de origem polar nos meses de inverno.
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