Enquanto Hollywood se prepara para festejar a indústria do cinema na cerimônia do Oscar nesta noite de domingo, comunidades próximas ainda lidam com as consequências dos incêndios florestais que devastaram regiões de Los Angeles no início deste ano.
PATRICK FALLON/AFP/METSUL
“É muito difícil voltar para um lugar que agora é um verdadeiro cenário de sinistro”, relata um morador atingido e que trabalha na indústria do cinema. Porquê ele, muitas famílias se veem obrigadas a seguir em frente, trabalhando para manter suas vidas e reconstruir suas histórias, mesmo diante do traumatismo.
“Temos que continuar trabalhando para nos sustentar, prometer nosso seguro-saúde e poder reconstruir”, diz. “Mas, ao mesmo tempo, a única coisa que queremos é sentar e lamentar a perda”.
Os incêndios afetaram não unicamente as comunidades locais, mas também a própria indústria cinematográfica, que já enfrenta uma crise com a subtracção das produções em Los Angeles.
Wes Bailey, da empresa SirReel, que aluga equipamentos para filmagens, aponta que os incêndios só agravaram uma situação que já vinha se deteriorando devido à pandemia de COVID-19 e às greves do setor.
Bailey destaca que outros países, uma vez que o Reino Uno, oferecem incentivos fiscais atrativos para a produção de filmes, um pouco que a Califórnia tem executado de maneira inconsistente. “Os incêndios serviram uma vez que um alerta para a crise que enfrentamos”, afirma.
A série “Selling Sunset”, que retrata o mercado imobiliário de luxo em Los Angeles, precisou interromper sua produção devido aos incêndios, mas já retomou as filmagens. Jason Oppenheim, uma das estrelas do programa, relata ter recebido vários telefonemas de clientes emocionalmente abalados.
Segundo ele, Los Angeles enfrenta desafios que podem comprometer o porvir da cidade uma vez que um polo de investimentos. “Temos problemas de criminalidade, de moradores de rua, impostos que desestimulam o desenvolvimento e a saída de pessoas ricas do estado”, explica.
Para ele, a cidade precisa lastrar sua política fiscal para manter uma economia saudável. Apesar das dificuldades, Oppenheim aposta na recuperação da região dos Palisades, uma das mais afetadas pelos incêndios.
“Tenho certeza de que, em cinco anos, os Palisades serão uma das áreas mais desejadas do mundo para se viver. As casas serão modernas, à prova de incêndio e com arquiteturas deslumbrantes.”
Enquanto a reconstrução não se concretiza, aqueles que perderam tudo encontram valor nas pequenas coisas resgatadas dos escombros. Para Adam Jette, um simples panela de ferro que sobreviveu ao queimada tem um significado profundo.
“Perdemos nossa lar, mas não perdemos nossos animais de estimação e nossa família. No termo das contas, foram unicamente objetos, mas encontrar um pouco que resistiu às chamas tem um grande significado”, reflete.
A verdadeira origem da indústria do entretenimento, muitas vezes representada pelo luz dos tapetes vermelhos e estatuetas douradas, está nas histórias e nos desafios das pessoas que fazem esse mundo rodopiar. Nos escombros dos incêndios, permanece uma prelecção sobre o que realmente importa.
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