O cérebro do ex-boxeador Maguila foi doado para estudos. O órgão agora faz secção do único banco pátrio elaborado para estudar doenças neurológicas no Brasil, pertencente à Universidade de São Paulo (USP). O procedimento foi feito em seguida o velório realizado nesta sexta-feira (25).
“Resolvemos ainda em vida mesmo a doação do cérebro dele para estudos por conta da doença. Fizemos isso ontem (24)”, disse Irani Pinho, viúva do ex-pugilista, durante a cerimônia lúgubre de Maguila.
Para o médico neurologista que cuidava da saúde do ídolo esportivo pátrio, Renato Anghinah, o gesto pode contribuir para a evolução dos estudos da doença que acometeu Maguila, a Encefalopatia Traumática Crônica (ETC), uma requisito degenerativa associada a traumas repetitivos na cabeça, geral em esportes de contato.
“A doação vai possibilitar estudos que possam encontrar mecanismos para minorar a doença ou, eventualmente, até encontrar caminhos para curá-la”
Renato Anghinah, médico neurologista
O gesto de Maguila pela ciência acompanha o mesmo ato de outros dois esportistas brasileiros: o jogador Bellini, capitão da seleção brasileira na primeira conquista mundial em 1958, e o também pugilista, Éder Jofre.
Os cérebros dos três esportistas estão no banco pátrio, que é dirigido pelo Laboratório de Fisiopatologia no Envelhecimento (Gerolab), da Faculdade de Medicina da USP, com mais de dois milénio órgãos para estudo de doenças neurológicas.
“Ter uma amostragem para confrontar o diagnóstico feito em vida e, em seguida a morte, permite explorar outros aspectos e determinar se o diagnóstico galeno em vida é consistente com o diagnóstico póstumo. Em doenças uma vez que a ETC e o Alzheimer, temos uma concordância superior a 80% entre o diagnóstico galeno e o diagnóstico em seguida o falecimento”, afirma Anghinah em entrevista à CNN.
Maguila revelou a doença à sociedade em 2018, mas, de negócio com o neurologista, o desportista já tinha a intenção de doar desde que soube da prestígio do estudo de doenças uma vez que a dele.
Ou por outra, o país atualmente consegue estudar o cérebro com tecnologia pátrio, enquanto antes o órgão precisava ser enviado para universidades estrangeiras de referência.
O neurologista explica o procedimento para a doação do órgão: “O corpo inteiro é levado ao SVO (Serviço de Verificação de Óbitos), onde um técnico retira o cérebro de forma cuidadosa, sem deixar marcas visíveis. Esse cérebro fica alguns dias em uma substância química para ser fixado, pois, por ser semelhante a uma gelatina, precisa endurecer para, portanto, ser desunido em lâminas finas que possam ser examinadas em microscópios.”