A partir do próximo sábado (5), técnicos do Laboratório de Restauração e Conservação (Labcon), da Universidade Federalista de Santa Catarina (UFSC), vão trabalhar na restauração de documentos que foram resgatados em seguida as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul nos meses de abril e maio. Na última segunda-feira (30), muro de 250 itens chegaram à instituição para que a recuperação possa ser iniciada.
Desde maio, por recomendação do próprio Labcon, o museu de Igrejinha (na região metropolitana de Porto Feliz) e a livraria pública de Camaquã (no sul do estado) congelaram itens documentais para preservá-los antes da restauração. Uma vez que explica Cézar Karpinski, coordenador do Labcon e também do projeto, o frigoríficação, por si só, não é um tratamento, mas a partir dele é provável que os itens sejam preservados até o início do tratamento.
De Igrejinha chegaram 150 itens documentais, uma vez que partituras de música alemãs e 50 livros –estes não foram congelados. Já de Camaquã vieram 50 itens, entre livros históricos e revistas.
Para que o frigoríficação fosse mantido, os documentos foram transportados em uma van frigorífica de Porto Feliz até Florianópolis. A retirada dos documentos do veículo até o laboratório também teve de ser rápida –durou muro de 20 minutos.
No laboratório, os papeis foram armazenados em refrigeradores definidos uma vez que “caseiros” por Karpinski. De negócio com ele, é a primeira vez que o laboratório trabalha em um tratamento uma vez que esse.
“Poucas instituições no Brasil já fizeram tratamento por pilha que passou por sinistro [como as enchentes]”, explica. “Essa tecnologia já existe [profissionalmente] na Itália, na França e nos Estados Unidos, e nós precisamos trazer pra cá. Precisamos sensibilizar as autoridades a pelo menos equipar dois ou três laboratórios uma vez que esse em cada estado”, completa.
No sábado (5), quando o trabalho deve iniciar, Karpinski e a equipe técnica do Labcon vão descongelar dois itens –um de cada pilha. A partir deles, serão feitos testes químicos e biológicos e o documento terá o tipo de tinta e o tipo de papel identificados.
Uma vez que os itens foram congelados, deverão passar por um processo de secagem, com desumidificador de ar e manutenção da temperatura a 20ºC. Só depois disso é que voluntários poderão facilitar no tratamento de recuperação, que ainda envolve saneamento, recuperação da estrutura de papel e encadernamento. Cezar estima que todo o trabalho pode demorar até dois anos, dependendo do estado de conservação que os pacotes forem encontrados.