O ano está chegando ao término e, com isso, a mente se preenche com pendências que precisam ser resolvidas, expectativas para o próximo ano e reflexões sobre tudo o que aconteceu ao longo dos últimos 12 meses. Tudo isso pode trazer um peso emocional, sensação de cansaço e estresse, caracterizando o que especialistas chamam de “Síndrome de Ano Novo“.
De pacto com a psicóloga Luanna Cunha, esse é um termo popular para descrever o aumento da impaciência, do estresse e da angústia emocional que algumas pessoas experimentam no término do ano.
“No consultório, é generalidade ouvir relatos porquê: ‘Parece que não fiz zero o ano todo’ ou ‘Estou exausta, mas ainda preciso dar conta de tudo’. Essa síndrome se caracteriza por sentimentos de inadequação, preocupação com metas não alcançadas, exaustão física e mental, além da pressão social em torno das festas e celebrações”, afirma Cunha.
A “síndrome do Ano Novo” não é uma categoria clínica formal, mas reflete um conjunto de sentimentos e comportamentos recorrentes associados ao fechamento de um ciclo e ao início de outro, conforme aponta a psicanalista Renata Bento.
“Leste fenômeno pode ser entendido porquê uma sentença psicológica e social das expectativas, angústias e projeções que acompanham o marco simbólico da viradela do ano, que surgem tanto no contextura pessoal quanto profissional”, acrescenta.
De pacto com as especialistas, a síndrome é caracterizada pelos seguintes sentimentos:
- Angústia existencial e sensação de inadequação;
- Idealização do recomeço, ligado ao Ano Novo;
- Melancolia e luto não elaborado, com memórias de perdas, desapontamentos e lutos não trabalhados sendo reavivados pelo término do ano;
- Polaridade entre euforia e desânimo;
- Projeção e fantasia em relação ao novo ano;
- Sensação de cobrança excessiva;
- Reflexões negativas sobre o que não foi conseguido durante o ano;
- Preocupação com as festividades;
- Exaustão emocional e física acumulada ao longo do ano.
Quais são as causas e os fatores comuns que levam a essa síndrome?
Segundo as especialistas, uma combinação de fatores psicológicos, sociais e culturais podem levar à “síndrome do Ano Novo”. É o caso da expectativa e pressão social para executar promessas para o próximo ano, porquê emagrecer, viajar ou melhorar o desempenho profissional.
“Isso cria uma pressão de ser ‘perfeito’ ou depreender resultados rápidos, o que é muitas vezes irrealista”, alerta Bento. As próprias festas de término de ano também podem gerar estresse, expectativa e idealizações, de pacto com a psicanalista.
“Podem surgir questionamentos subjetivos em confronto com o tempo, isto é, a viradela do ano convida à reflexão sobre a passagem do tempo e a finitude, porquê, por exemplo: será que esse é o último Natal em família? Ou ainda terei tempo de realizar meus sonhos?”, exemplifica. “Esses questionamentos podem lembrar crises existenciais, culpas, arrependimentos, idealização de horizonte. É um momento onde as emoções estão mais à flor da pele, e as pessoas podem permanecer mais fragilizadas emocionalmente”, completa.
Ou por outra, de pacto com Cunha, a sensação de sobrecarga no final do ano pode ser alimentada por fatores porquê cobrança excessiva, premência de atender às expectativas pessoais e sociais, e pelo acúmulo de demandas ao longo do ano.
“Metas irreais, reflexões sobre o que não foi concluído, e o volume de compromissos típicos do término de ano criam uma combinação desafiadora. Ou por outra, questões financeiras e a verificação metódico nas redes sociais podem amplificar a sensação de insuficiência. Muitas vezes, é o ‘dar conta de tudo’ que esgota nossas forças”, afirma a psicóloga.
Na visão das especialistas, essa cobrança excessiva e idealização que leva, posteriormente, à frustração são reflexos do estilo de vida moderno, caracterizado pela subida produtividade, subida conectividade e pela cultura do consumo e verificação social.
“O excesso de informações e a verificação nas redes sociais criam a ilusão de que todos estão mais realizados do que nós. Tudo isso aumenta a sensação de inadequação. E sim, o estilo de vida moderno, com agendas cheias e pouco tempo para autocuidado, potencializa esse ciclo de estresse e cobrança”, afirma Cunha.
Porquê serenar essas sensações?
Para passar por um término de ano mais tranquilo e ligeiro, é preciso tomar algumas medidas contra o estresse e a impaciência geradas pela quadra. Um primeiro passo importante nesse processo é tentar ser mais gentil consigo mesmo.
“É importante concordar que não há sublimidade. Evite se cobrar por falhas ou aspectos não cumpridos, e reconheça o que já foi conseguido”, orienta Bento. “Ser gentil e respeitoso consigo mesmo é um bom início de relacionamento. Se sentir que não está no “espírito de sarau”, busque não se culpar. Lembre-se de que é normal não estar sempre contente, principalmente em momentos de estresse. A auto-observação é um manobra eficiente que ajuda a estabelecer os limites internos e externos”, completa.
Nesse sentido, além de reservar um tempo para cuidar de si mesma, também é fundamental tomar medidas práticas, porquê reavaliar expectativas, estabelecer prioridades e buscar escora, seja de amigos ou de profissionais de saúde mental, porquê psicólogos, psicanalistas e psiquiatras, se necessário.
“Lembre-se: não há problema em buscar escora. Falar sobre o que está sentindo com alguém de crédito ou com um profissional de saúde mental pode fazer toda a diferença”, afirma Cunha.
Algumas atividades também podem ajudar a serenar o estresse e a impaciência relacionada à “síndrome do Ano Novo”, porquê:
- Praticar mindfulness e reflexão, para reduzir a impaciência e aumentar a transparência mental;
- Planejar as metas para o próximo ano, focando em objetivos alcançáveis e positivos;
- Produzir uma conexão social positiva, participando de encontros com pessoas que proporcionam escora emocional;
- Praticar atividades físicas, porquê caminhadas, iogas, esportes diversos e musculação, para liberar endorfina e promover bem-estar;
- Reduzir o consumo de redes sociais, para limitar comparações e evitar exposição excessiva a conteúdos idealizados;
- Praticar a escrita terapia, registrando pensamentos e sentimentos para serenar a angústia.
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