Marina Silva, ministra do Meio Envolvente, disse à CNN Brasil que uma provável falta de entendimento na COP29 para o financiamento das ações climáticas levaria o sistema global de governança do clima a um colapso, com implicações dramáticas na vida em todo o planeta.
“A questão [central] da COP29 é o financiamento. Logo, nós temos que resolver essa equação cá, sob pena de colapsar o sistema”, disse a ministra.
Em entrevista exclusiva, Marina lembrou que a eleição de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos também é um fator que precisa ser considerado pelos países envolvidos nas negociações da COP.
“Obviamente que cada um de nós, a China, a União Europeia, o Brasil, a África do Sul, os países que sabem o que está acontecendo no mundo agora, sobretudo no contexto de [fortalecimento de] uma visão negacionista que ameaço transpor do Congraçamento de Paris, porquê é o caso do horizonte governo dos Estados Unidos, é fundamental que a gente saia daqui unidos em torno do objetivo” de combater as mudanças climáticas, destacou Marina.
A questão do financiamento, no entanto, tem gerado um grande impasse na COP29, cujas discussões vão entrar pelo termo de semana – embora seu término tivesse sido programado para o início da noite desta sexta-feira (22) em Baku.
O mundo em desenvolvimento deixou simples durante a COP29, por meio de estudos científicos e econômicos, que precisa de pelo menos US$ 1 trilhão por ano até 2030 em ajuda das nações mais ricas para conseguir realizar todas as ações necessárias para lutar contra as mudanças climáticas.
Mas os países desenvolvidos – os que mais emitiram gases de efeito estufa e que, portanto, são os maiores responsáveis pelo aquecimento global – têm resistido até agora.
Nesta sexta-feira, a Presidência da COP29, que acontece em Baku, no Azerbaijão, divulgou um texto final de negociação propondo uma meta de financiamento de US$ 250 bilhões por ano até 2035, com os “países desenvolvidos assumindo a liderança” na entrega do verba.
Outrossim, o texto “convida” os países “a trabalharem juntos para permitir a ampliação do financiamento para os países em desenvolvimento para ação climática de todas as fontes públicas e privadas para pelo menos US$ 1,3 trilhão por ano até 2035”.
O texto foi considerado muito ruim por analistas que acompanham o debate sobre o clima.
Marina Silva disse à CNN Brasil que a questão precisa ser resolvida em Baku e não deve ser adiada para outro momento, porquê, por exemplo, a COP30, que será realizada em Belém, no Pará, no ano que vem.
“Isso tem que ser resolvido cá, porque esta COP tem porquê indicador de sucesso resolver o problema do financiamento”, ponderou a ministra.
“Temos que alinhar financiamento com a missão de não ultrapassar [o aquecimento médio do planeta em mais de] 1,5 °C e evitar o colapso que já está acontecendo no Rio Grande do Sul, na Amazônia, na África, na Ásia, na Europa, nos Estados Unidos, em todos os lugares”, afirmou.
As negociações desta COP vão continuar pela madrugada de sábado (23) e não há previsão para o seu término. Marina Silva ressaltou, inclusive, que está preparada para passar as madrugadas em procura de um entendimento.
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