O mercado físico do boi gordo teve preços mais baixos ao longo de fevereiro nas principais praças de produção e comercialização do país, pressionados por um cenário de maior oferta combinado com retração no consumo da proteína bicho no varejo.
Segundo o crítico da consultoria Safras & Mercado Fernando Henrique Iglesias, o incremento da disponibilidade de fêmeas contribuiu também para incrementar a oferta, fazendo com que a indústria frigorífica conseguisse um bom progresso de suas escalas de abate.
“Esse cenário foi bastante representativo na Região Setentrião e acentuou a queda que se sucedeu nos demais estados que contam com abates relevantes. Por outro lado, as exportações de músculos bovina em bom nível ainda são a principal variável de sustentação dos preços, evitando quedas ainda mais acentuadas”, disse.
Segundo ele, o envolvente de negócios ainda sugere pela ininterrupção deste movimento no pequeno prazo, em risco com a atual posição confortável das escalas de abate nos frigoríficos, somado ao comportamento dos preços da músculos no atacado.
Projeção para março
Iglesias destaca que o prostração da demanda doméstica de músculos bovina é agudo, com a população mais descapitalizada, uma vez que normalmente ocorre no início de cada ano. Assim, as pessoas optam por proteínas mais acessíveis, uma vez que a músculos de frango, os embutidos e ovos, principalmente.
“As indústrias conseguiram, sem muita dificuldade, pressionar os pecuaristas por preços mais baixos para as boiadas”, assinalou.
De conciliação com o crítico, o cenário para a primeira quinzena de março é um pouco mais favorável. “Os salários vão entrar na economia, o que vai motivar a reposição de músculos e, aliás, a indústria pode entrar com mais gosto para a compra de rebanho por conta do feriado prolongado de Carnaval.”
Esses fatores, conforme o crítico, devem trazer mais sustentação e até motivar altas da arroba, mas sem espaço para altas contundentes. “Os preços podem se restabelecer, mas de maneira moderada”, ressalta.
Preços da arroba do boi (janeiro x fevereiro)
Os preços médios da arroba do boi gordo na modalidade a prazo nas principais praças de comercialização do país estavam assim no dia 27 de fevereiro em conferência a 31 de janeiro:
- São Paulo: R$ 313,67, contra R$ 325,08 (-3,5%)
- Goiás: R$ 294,64, diante de R$ 307,86 (-3,64%)
- Minas Gerais: R$ 304,12, contra R$ 314,41 (-3,3%)
- Mato Grosso do Sul: R$ 302,05, diante de R$ 312,39 (-3,3%)
- Mato Grosso: R$ 300,38, contra R$ 321,93 (-6,7%)
Exportações de músculos bovina
As exportações de músculos bovina fresca, congelada ou refrigerada do Brasil renderam US$ 755,443 milhões em fevereiro (15 dias úteis), com média diária de US$ 50,362 milhões, conforme a Secretária de Transacção Exterior (Secex).
A quantidade totalidade exportada pelo país chegou a 153,143 milénio toneladas, com média diária de 10,209 milénio toneladas. O preço médio da tonelada ficou em US$ 4.932,90.
Em relação a janeiro de 2024, houve subida de 18,4% no valor médio quotidiano da exportação, lucro de 8,6% na quantidade média diária exportada e progresso de 9,0% no preço médio.