Quick wins vs grandes apostas: o dilema da inovação corporativa

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Considere, hipoteticamente, que você está empreendendo no mundo dos restaurantes. Agora eu vou te pedir para imaginar: uma vez que seria sua pizzaria?

Uma vez que ela seria? Em que lugar? Qual o tamanho? A decoração? Número de mesas e garçons? Fala a verdade, vai? Você imaginou que ela seria linda, superabundante, incrível! Enxurro de mesas, muitos garçons para um bom atendimento, um forno gigante para uma pizza memorável.

É difícil alguém imaginar uma porta pequena, com forninho elétrico, um atendente. Uma pizzaria no primícias, com o garçom sendo a mesma pessoa que serpente o caixa.

Fomos acostumados a pensar grande, e querer debutar só quando o primícias tiver alguma semelhança com o tamanho do nosso sonho. 

No mundo corporativo, a procura pela inovação é uma corrida frenética e bebe da mesma chuva. De um lado, as grandes apostas, com seus orçamentos robustos e promessas de transformação. Do outro, os modestos “Quick Wins”, pequenas vitórias que, ao contrário do que muitos pensam, podem ser extremamente poderosas. No entanto, muitas empresas tropeçam ao priorizar iniciativas grandiosas, esquecendo que passos pequenos, quando muito calculados, podem fabricar um impacto imenso.

Muitas vezes, a empresa pequena trava por que não consegue pensar e fazer grande, mas o que mais acontece é a empresa grande travar por que não consegue fazer zero pequeno.

O dilema não é mamão com açúcar para resolver não. Empresas muitas vezes travam na hora de inovar porque estão presas a uma visão binária: ou fazem grandes apostas transformadoras ou desistem de tentar. Mas será que essa é a única saída? Não seria mais inteligente lastrar as duas estratégias? 

Bora pensar comigo uma vez que as grandes apostas podem se tornar armadilhas e por que os ‘Quick Wins‘ oferecem uma selecção viável e eficiente para quem quer inovar sem travar.

Os ‘Quick Wins’: a força das pequenas vitórias

Quick Wins são iniciativas rápidas e de grave dispêndio que entregam resultados quase imediatos. Eles não exigem grandes orçamentos, nem décadas de planejamento. Funcionam uma vez que aquele pequeno ajuste no motor que faz o sege caminhar mais rápido, sem que você precise trocar o veículo inteiro.

Essas vitórias rápidas têm uma capacidade única de fabricar impacto no pequeno prazo. Elas mostram resultados tangíveis, melhoram a moral da equipe e podem ser o ponto de partida para transformações mais amplas. E o mais interessante: a simplicidade dessas iniciativas não significa que elas sejam banais. Pelo contrário, a realização de um ‘Quick Win’ bem-sucedido requer foco, originalidade e alinhamento estratégico. Ah, e muita coragem para ser julgado(a), por que às vezes não demonstram toda a qualidade que um projeto tem o potencial de ter e aliás, as pessoas podem encontrar que você está comemorando muito por pouca coisa.

Por que os ‘Quick Wins’ funcionam?

Primeiro, eles apresentam um grave risco. Uma vez que o investimento inicial é reduzido, o impacto de um provável fracasso também é. Segundo, oferecem um feedback rápido. A capacidade de testar, ajustar e implementar correções em tempo real dá às empresas uma vantagem estratégica. Outrossim, pequenos sucessos geram engajamento e aumentam a motivação dos times, criando um ciclo virtuoso de inovação.

O Spotify é um exemplo muito bacana dessa jornada através dos quick wins. Ele é um gigante do streaming músico, mas começou pequeno. Em vez de se lançar diretamente para o mercado global, a empresa optou por um lançamento restringido na Suécia, testando a plataforma e ajustando-a com base no feedback inicial. Essa abordagem permitiu que eles crescessem de forma controlada, escalando gradualmente para outros mercados. É a personificação de um Quick Win que pavimentou o caminho deles para o sucesso.

O traje é que com quick wins dá sempre para fazer, está mais nas mãos, é mais viável. Isso porque eles vêm com algumas coisinhas de série:

  • Feedback rápido: É o equivalente a testar um tempero enquanto cozinha. Corrige o sabor antes de servir. Muito melhor né!?
  • Custos baixos: ninguém precisa hipotecar a lar para bancar a teoria.
  • Moral elevada: um time com uma vitória no bolso está mais disposto a aventurar.

Segundo a Bain & Company, projetos de pequeno prazo com ROI rápido têm 34% mais chances de gerar engajamento interno do que iniciativas grandiosas e demoradas.

Grandes apostas: glamour e risco

Por outro lado, as grandes apostas, com suas promessas de transformações radicais, têm um apelo irresistível. Elas carregam uma narrativa de ousadia, liderança e prestígio. Finalmente, quem não quer ser espargido uma vez que o visionário que revolucionou um setor? A gente tem na cabeça que a grande vitória só vem com grande transformação. Ninguém sobe no palco para palestrar para falar um Quick Win, né? Só enchemos a boca e estufamos o peito para falar de coisas grandes.

Entretanto, o dispêndio dessas iniciativas é proporcional à promessa de retorno. Grandes apostas demandam investimentos elevados, equipes dedicadas e um nível de comprometimento que muitas empresas não conseguem sustentar. E quando elas falham – uma vez que frequentemente acontece – as consequências podem ser devastadoras. Ou seja, é a receitinha da m*: quanto mais subida a árvore, mais subida é a queda.

Um exemplo clássico de uma grande aposta desastrosa é a Kodak. Durante anos, a empresa investiu tudo no mercado de filmes tradicionais, ignorando os sinais de que a retrato do dedo seria o horizonte. Quando decidiram mudar, já era tarde demais. Essa irresolução em abraçar pequenas inovações custou à Kodak seu lugar no mercado.Poderiam ter brincado um pouquinho de câmeras digitais, mas não. Não era grande suficiente para eles.

Mas por que as empresas travam tanto, logo?

O que impede as empresas de inovar de maneira mais desembaraçado e eficiente? Um dos principais fatores é a preocupação pelo retorno sobre o investimento. Muitos executivos acreditam que só grandes apostas podem impressionar o mercado e os stakeholders. Essa visão, no entanto, ignora o poder das pequenas mudanças incrementais, que podem ter um impacto cumulativo significativo.

Outrossim, há um pânico enraizado de debutar pequeno. Para muitos, Quick Wins não são suficientes para justificar o esforço, uma vez que se a inovação precisasse vir com fogos de artifício. Outro tropeço é a falta de uma cultura de experimentação. Muitas empresas ainda operam em um protótipo avesso ao risco, onde falhar – mesmo em projetos de grave dispêndio – é visto uma vez que um fracasso integral, e não uma vez que secção do processo de aprendizagem. 

É uma visão do tudo ou zero que não faz muito sentido.

A McKinsey revelou que 70% das transformações falham porque as empresas apostam “tudo num cavalo só”. E se o cavalo tropicar?

Nunca subestime o poder do pequeno

Sim, eu sei, nós sabemos: os famigerados stakeholders querem fogos de artifício. Mas, às vezes, o estalo de um palito de fósforo ilumina mais.

A cultura ainda vai sempre mandar no que as pessoas fazem. Empresas acostumadas a jogar seguro criam verdadeiros “museus de processos”. A termo “teste” é quase um palavrão. Não deixem isso ocorrer.

O estabilidade entre o grande e o pequeno

A frase que tudo precisa de estabilidade não cabe somente para o mundo zen místico e energético, que eu senhoril! Cabe também para inovação entre o grande e o pequeno. 

A solução para esse dilema não está em escolher entre Quick Wins ou grandes apostas, mas em combinar as duas abordagens de maneira estratégica. Enquanto os Quick Wins oferecem resultados rápidos e criam crédito, as grandes apostas devem ser planejadas e executadas gradualmente, baseando-se em aprendizados anteriores.

Uma vez que implementar esse estabilidade?

Primeiro, é forçoso mapear oportunidades para Quick Wins dentro da organização. Identifique áreas onde pequenos ajustes podem trazer melhorias significativas. Em paralelo, use esses aprendizados para sustentar projetos maiores, minimizando os riscos.

Por exemplo, uma empresa pode debutar testando uma novidade funcionalidade com um pequeno grupo de clientes, em vez de lançar uma reformulação completa de seu resultado. Uma vez validado, o projeto pode ser ampliado, transformando-se em uma grande aposta bem-sucedida.

O papel da liderança

A capacidade de lastrar esses dois pratinhos depende diretamente da liderança. 

Executivos(as) precisam entender que inovar não é sinônimo de apostar todas as fichas em um único projeto transformador. Ao contrário, é um processo contínuo de aprendizagem, experimentação e adaptação.

Grandes apostas não devem ser descartadas, mas precisam ser sustentadas por uma base sólida de pequenos sucessos. É uma vez que erigir uma escada: cada Quick Win é um degrau que leva a empresa a um nível mais eminente de maturidade e capacidade de realização.

Inovação não é sobre debutar com o maior projeto provável, mas sobre fabricar um ciclo uniforme de melhoria e aprendizagem. Quick Wins são o motorzinho que impulsiona as empresas no pequeno prazo, enquanto grandes apostas, quando muito planejadas, pavimentam o caminho para um horizonte transformador.

No final, o que define o sucesso de uma organização é a capacidade de lastrar visão de longo prazo com realização de pequeno prazo. Grandes ideias são importantes, mas não subestime nunca o poder das pequenas vitórias. Finalmente, é melhor dar um passo claro agora do que esperar eternamente pelo momento perfeito.

* Técnico de Inovação e instituidor do meio Elefante Limonada

FONTE:CNN

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