Com pouco mais de 15,5 milhões de casos de Covid-19 registrados desde o início da pandemia, a região Sudeste concentra o maior número de casos da doença no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. Até o início de dezembro, o país já havia atingido a marca de 39 milhões de registros da doença.
Especialistas apontam que a densidade populacional dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro é um dos principais fatores que explicam essa concentração de casos da doença nessa região, mas não é o único motivo.
O Sudeste é a região mais populosa do Brasil, com aproximadamente 88 milhões de habitantes, representando 41,8% da população do país, segundo o Instituto Brasílio de Geografia e Estatística (IBGE). Essa subida concentração de pessoas favorece a transmissão do vírus, principalmente em grandes centros urbanos uma vez que as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.
“É uma doença de transmissão respiratória. Quanto mais gente você tem ocupando a mesma dimensão, a transmissão é maior”, explica Celso Granato, infectologista e diretor médico do Grupo Fleury.
Outro fator relevante é a maior quantidade de testes realizados na região. Com infraestrutura de saúde maior em confrontação a outras regiões, estados do Sudeste têm mais capacidade de identificar os casos da doença de forma rápida, o que contribui para o aumento das estatísticas oficiais.
“O risco de subnotificação de casos, mormente dos mais leves, é um fator que pode impactar os registros e a estudo de dados”, acrescenta Filipe Piastrelli, infectologista e coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Teutónico Oswaldo Cruz.
Com mais casos sendo registrados, a região Sudeste também é que mais tem mortes pela doença. Desde o início da pandemia já foram 344.629 óbitos por Covid-19, segundo dados do tela Coronavírus, do Ministério da Saúde.
Mais casos, mas não maior incidência
Se por um lado a região Sudeste é a que mais registrou casos da doença, por outro, ela não é a que maior tem incidência. Isso significa que quando analisamos os números absolutos a cada 100 milénio habitantes as regiões Núcleo-Oeste e Sul lideram o ranking, ficando a região Sudeste em terceiro lugar.
Segundo dados do tela Coronavírus, do Ministério da Saúde, a incidência de casos de Covid-19 a cada 100 milénio habitantes é de 28.076, na região Núcleo-Oeste, de 27.627, na região Sul e de 17.668 no Sudeste.
“Para estudar os dados com maior precisão, é necessário ir além do número inteiro de casos, considerando a taxa de incidência por 100 milénio habitantes. Essa taxa é calculada dividindo-se o número inteiro de casos pelo tamanho da população, oferecendo um quadro mais ajustado da situação epidemiológica”, acrescenta Piastrelli.
E a explicação para que essas três regiões estejam no topo do ranking está no clima, segundo os médicos. “São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul são estados que também tem um clima mais rigoroso no inverno, isso ajuda também você a ter mais doença em relação aos estados do Nordeste do Brasil”, explica Granato.