Predomínio (2014) foi um divisor de águas na curso de Alexandre Nero, a romance que o projetou para o Brasil inteiro uma vez que um grande protagonista. O que poucos telespectadores sabem é que o ator foi uma grande aposta de Aguinaldo Silva, que se esforçou e lançou mão até de uma “jogada suja” para ter o ator uma vez que o personagem principal de sua trama.
Em seu livro Meu Pretérito me Perdoa: Memórias de uma Vida Novelesca, lançado neste mês, o responsável conta uma vez que foi a escalação do elenco, em privativo a do comendador José Alfredo de Medeiros.
Segundo Aguinaldo Silva, nos primeiros meses de produção de uma romance, há uma guerra (“nem sempre diplomática”, ele ressalta), entre o responsável, o diretor-geral e os executivos da emissora para a escolha dos atores. Cada um tem suas ideias para um elenco ideal, e cada um também tem de perfurar mão de alguns de seus atores preferidos, por diferentes razões.
Alguns profissionais podem já estar comprometidos com outros trabalhos, ou podem não ser do palato do responsável/do diretor/do executivo, ou, ainda, alguns atores recusam os papéis por não gostarem do papel ou da proposta.
O responsável conta que, em Predomínio, ele tinha uma cisma até hoje inexplicável: “Eu queria, para viver o comendador, um ator chamado Alexandre Nero”. De concórdia com o redactor, o diretor da trama e os executivos da Orbe discordavam da escolha, alegando que até logo Nero havia feito unicamente personagens secundários em novelas.
Em troca de Nero, a Orbe ofereceu José Mayer para ser o protagonista. O ator é um dos preferidos de Aguinaldo Silva (além de ser grande camarada dele até hoje), mas o responsável tinha uma boa razão para não querê-lo no papel principal:
“Queria que a amante dele [do personagem] fosse Marina Ruy Barbosa, que na era acabara de fazer 18 anos. Tórridas cenas de paixão entre os dois –um varão já na terceira idade e uma menina– iriam promover evidente mal-estar num evidente tipo de telespectador: aqueles que protestam contra tudo. Do que eu precisava era de um ator mais novo para fazer um personagem mais velho, de modo que, em moradia, as pessoas unicamente achassem que ele ‘parecia muito muito para a idade'”.
Assim, Aguinaldo Silva estava fixado na teoria de ter Alexandre Nero no elenco, mas achava que seria voto vencido na escolha do ator. Ele, logo, tomou uma atitude drástica.
“Parti para a jogada suja: declarei à mídia que meu protagonista seria Alexandre Nero e que, quanto a isso, a TV Orbe até já havia vencido o martelo. Para não ter que desmentir o responsável –não seria bom para a novela–, a emissora teve que engolir em sedento e confirmar o nome de Nero”, explicou ele.